Quando a bicicleta me fez mudar
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Quando a bicicleta me fez mudar

Parece até brincadeira, mas eu levei 28 anos para adquirir minha liberdade sobre duas rodas. Eu tenho um círculo de amigos que têm a bicicleta como meio de transporte principal e sempre que eu falava em alguma conversa “não ando de bike”, escutava diversos conselhos e questionamentos, inclusive reclamações por ter vários amigos voluntário no Bike Anjo (uma rede de ciclistas apaixonadxs pela bicicleta que promove, mobiliza e ajuda pessoas a começarem a utilizar esse veículo nas cidades) e ainda assim, não fazer nada com relação a isso. Mas eu tinha meus receios, meus motivos para não querer pedalar e nem sempre queria dar satisfação para os outros.
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Passei aproximadamente 3 anos aguentando meu melhor amigo falar que eu deveria comprar uma bicicleta pra abandonar essa vida estressante de transporte público lotado e demorado, pois Recife consegue ser caótico com seu trânsito engarrafado quase que constantemente e sem motivos aparentes (ou seja, péssimos motoristas). Para completar essa “pressão”, um outro amigo entrou para o time e até chegou a traçar algumas rotas da minha casa para o trabalho, era mais um motivo para eu tentar perder o medo e começar a pedalar. Ainda assim, aquele medinho de subir numa bicicleta imperava sobre mim. Ser mulher não é fácil, imagina ser mulher de bicicleta numa cidade caótica que não respeita ciclista? 
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Até que num domingo, conversando bastante sobre diversas coisas, inclusive bicicletas, eu ouvi de um outro amigo a seguinte frase “cara, consigo te ver de bike pra cima e pra baixo facilmente” e isso, atrelado ao que eu já ouvia dos outros meninos, me fez criar a coragem que faltava e, assim, mandar o meu trauma embora de uma vez por todas. Era uma resolução de 2015, que só foi de fato conquistada em 2016, mas consegui! Com uma bicicleta do Itaú, dei algumas pedaladas no Recife Antigo e voltei pra casa com uma sensação de vitória que eu não sabia explicar.
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Não tem nem um mês que comecei a pedalar, mas já estou montando uma bicicleta que vai ser a minha cara (azul, né… claro) e tenho andado com uns amigos. Ainda fico um pouco dolorida, mas sei que é temporário, por falta de costume. O mais valioso nisso tudo é a sensação de liberdade, de empoderamento que a bicicleta me deu. Sentir o vento no rosto enquanto pedalo é tão bom, que eu queria fazer todo mundo ter essa sensação. Então, resolvi fazer parte de quê? Do Bike Anjo, aquele projeto massa que vários amigos fazem parte, lembra? E o único conselho que eu posso dar é, vai, manda embora teus medos também!
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Ah, também aprendi a soletrar bicicleta corretamente: M-U-I-T-O–A-M-O-R ❤

Nascida em São Paulo e criada em Recife, pisciana, publicitária, fotógrafa, viciada em seriados, tatuagens, tênis e apaixonada por azul.

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